quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Desembargador nega acesso da CPI da Pedofilia a inquéritos contra Adail

Magistrado diz que investigações fazem parte de processos que correm sob sigilo
O desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), João Mauro Bessa, negou o pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da Câmara dos Deputados, para que dois advogados indicados pela CPI tivessem amplo acesso a inquéritos policiais contra o prefeito de Coari, Adail Pinheiro (PRP).

Os inquéritos fazem parte de dois processos, que tramitam em segredo de Justiça no TJAM, referentes à prática de crimes sexuais contra menores de idade e favorecimento à prostituição.

João Mauro Bessa, que é relator dos dois processos, afirmou que o pedido de acesso foi negado porque as investigações não foram concluídas, “sendo de suma importância para o seu êxito a manutenção do sigilo judicial”.

A relatora da CPI, deputada federal Liliam Sá (Pros-RJ), disse que assim que a Câmara dos Deputados retornar do recesso legislativo informará à presidente da Comissão, deputada federal Érika Kokay (PT-DF), que o pedido foi negado. “O TJAM não pode negar informação à CPI, mesmo que esteja em segredo de Justiça. O que tem ali que eles não querem que a gente saiba?”, questionou.

Segundo ela, a comissão firmou um acordo com o tribunal para acompanhar a tramitação dos processos relacionados à exploração sexual de crianças e adolescentes no Amazonas.
“Foi feito um acordo e eles (TJAM) pediram que nós designássemos dois advogados que pudessem acompanhar a tramitação para manter a CPI informada. Fizemos isso e eles negaram o acesso. Vamos pedir explicações por escrito”, disse.

Os advogados Márcia Silva Dias e Fábio Tavares Amorim eram os indicados pela CPI para acompanhar os processos, mas não tiveram acesso às ações.
Liliam Sá afirmou que na primeira reunião da comissão, prevista para o dia 10 de fevereiro, ingressará com requerimentos solicitando a oitiva dos indiciados na Operação Estocolmo, realizada em novembro de 2012 pela Polícia Civil.

Nesta terça-feira, o TJAM aceitou a denúncia, ingressada pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) após a operação, da existência de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes formada por 20 pessoas, entre políticos e empresários do Estado.
“Sei que eles (indiciados) vão usar da prerrogativa de ficar calados, mas mesmo assim iremos procurar averiguar e ouvir testemunhas”, informou Sá.

As investigações continuarão no interior do Amazonas. De acordo com Liliam Sá, após o Carnaval, a comissão irá aos municípios de Autazes, Maués e São Gabriel da Cachoeira, onde também há denúncias de exploração sexual de crianças e adolescentes indígenas. Há possibilidade de membros da Comissão retornarem a Coari e a Manaus para fazer novas diligências.

Segundo ela, há indícios da participação de políticos nos crimes. “Prefiro não citar os nomes ou cargos dos envolvidos para que eles não comecem a organizar a defesa como o que ocorreu na Operação Estocolmo. Os advogados não sabiam o que seria pedido, mas já estavam com o habeas corpus. Isto é um sinal de que há uma organização criminosa que dá informações de dentro Judiciário”, disse.

Fonte: Camila Carvalho .
Nathalie Brasil

 

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