"Apesar do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas ter negado a CPI de
Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da qual sou a relatora,
acesso aos inquéritos policiais envolvendo o prefeito de Coari, Adail
Pinheiro, vamos continuar investigando. Leia a matéria:"
Investigado por novas denúncias de crimes de exploração sexual no
interior do Amazonas, o prefeito de Coari (a 370 quilômetros de Manaus),
Adail Pinheiro (PRP), prestou esclarecimentos ao Ministério Público do
Amazonas (MPE-AM) na manhã desta quarta-feira (29). Durante duas horas, o
prefeito foi ouvido pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Fábio Monteiro e Leda Mara
Albuquerque, e voltou a afirmar que é vítima de perseguição política. A
imprensa não teve acesso ao depoimento nem ao prefeito.
Segundo os dois promotores de Justiça que falaram com os jornalistas
após o depoimento do prefeito, no início de dezembro, uma mulher
procurou o MPE alegando ter sido vítima de exploração sexual envolvendo o
prefeito de Coari. A partir de então, outras nove possíveis vítimas
procuraram o órgão afirmando que também foram abusadas sexualmente. “A
todo momento tem crescido o número de pessoas se apresentando para
depor. Isso de certa forma é uma demonstração de confiança de que a
Justiça será feita. Independente do que acontecer as pessoas têm
procurado o MPE para se colocar a disposição das investigações”, disse o
promotor Fábio Monteiro.
O processo investigatório segue sob sigilo de Justiça por se tratar
de exploração sexual envolvendo menores de idade. O promotor Fábio
Monteiro adiantou que os depoimentos seguem a mesma linha daqueles
divulgados em rede nacional pelo “Fantástico”. “Nós ainda estamos na
fase de ouvir as pessoas citadas nos depoimentos e a principal pessoa
citada é o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, além de pessoas ligadas
diretamente a ele”, disse Monteiro.
Constam na lista dos novos investigados pelo MPE os pais de possíveis
vítimas da rede de exploração. “Sabemos que existem pais de menores que
colaboram com esse esquema. Temos que punir também os responsáveis por
esses menores que colaboram com esse tipo de prática. Alguns familiares
serão responsabilizados por isso”, disse a promotora Leda Mara.
O prefeito de Coari, acusado de exploração sexual de crianças e
adolescentes no interior do Amazonas, foi ouvido durante duas horas
nesta quarta-feira (29) pelos promotores do Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado
Em depoimento, o prefeito Adail Pinheiro voltou a negar o
envolvimento dele em crimes de pedofilia. E afirmou que as denúncias
eram forjadas por adversários políticos.
Segundo os promotores, Adail Pinheiro disse que não iria comentar as
gravações telefônicas nas quais ele estaria negociando programas com
adolescentes da cidade de Coari. As gravações são usadas pelo MPE como
provas em outro processo investigatório. “O prefeito disse que não se
posicionaria de forma oficial sobre a gravação porque os advogados dele
estão questionando a legalidade da interceptação”, explicou o promotor.
Questão política
Fábio Monteiro afirmou que, até o momento, não foi procurado por
nenhum opositor político de Adail Pinheiro e que o MPE não avaliaria o
caso como uma questão política.
O promotor disse ainda que é de praxe pessoas envolvidas em casos de
pedofilia não assumirem o envolvimento “devido a gravidade do crime.”
‘Blindagem’ para impedir entrevista
O Ministério Público do Amazonas (MPE-AM) por meio da assessoria de
Comunicação e de policiais militares lotados na sede do órgão conseguiu
“blindar” o prefeito de Coari, Adail Pinheiro, do encontro com a
imprensa, ontem.
Minutos antes de o prefeito deixar a sala onde prestou depoimento, a
diretoria de comunicação do órgão colocou os jornalistas em uma sala e
informou que o prefeito passaria por lá para a coletiva. Questionada
sobre a possibilidade de Adail sair por outra porta, a assessoria
informou que isso seria impossível, exceto se o prefeito “evaporasse”
dentro do MPE.
Minutos depois, a assessoria informou aos jornalistas que o prefeito
saiu por uma porta de acesso exclusivo dos funcionários sem que ela
soubesse.
CPI sem acesso aos documentos
O desembargador do Tribunal de Justiça do Amazonas, João Mauro Bessa,
negou à CPI de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes do Senado
Federal acesso aos inquéritos policiais envolvendo o prefeito de Coari,
Adail Pinheiro. O pedido de acesso foi feito formalmente pela presidente
da CPI, deputada federal Érika Kokay.
A justificativa apresentada pelo desembargador é que os processos
envolvendo o prefeito Adail e supostas prática de crimes sexuais contra
crianças e adolescentes correm sob segredo de Justiça e que os autos não
podem ser apresentados para ninguém até a conclusão das investigações. O
procurador-geral de Justiça, Francisco Cruz, concordou com a decisão.
Por: Mariana Lima Fonte: A Crítica
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