quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Liliam Sá: Liberdade, não libertinagem

Este mês, faz seis anos que Larissa Gonçalves Dias foi sequestrada, aos 11 anos, de dentro de sua casa, em São Cristóvão

Este mês, faz seis anos que Larissa Gonçalves Dias foi sequestrada, aos 11 anos, de dentro de sua casa, em São Cristóvão. O acusado teria se apresentado como técnico de TV. Segundo testemunhas, ele carregou a menina com o aparelho.
O caso é investigado pela CPI da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, da qual sou relatora, juntamente com outros em que as meninas têm o mesmo perfil e um acusado em comum: Fernando Marinho de Melo, que no último dia 13 se entregou à polícia após um cerco.
Condenado pelo sequestro de Larissa e pelo roubo da TV, Fernando havia recebido a pena pífia de quatro anos, convertida em serviços comunitários. Só após a CPI pedir ao Tribunal de Justiça a revisão da pena, ela foi aumentada para sete anos em regime fechado.
A maioria das meninas que somem no nosso estado é parda e de família humilde e tem entre 9 e 12 anos. São casos que ficavam anos parados. Ficavam, porque acredito que novo rumo foi dado a essas ocorrências após pedido que a CPI fez à chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha, para que a polícia concentre esforços em casos que já não tinham mais fatos novos. S
ensibilizada, a delegada reuniu autoridades e, apesar de todas as dificuldades estruturais que também enfrenta, já conseguiu prender Fernando, que estava foragido. Se por um lado há autoridades preocupadas em garantir os direitos de nossas crianças, por outro vemos vários políticos acusados de exploração sexual investigados pela CPI.
É o caso do prefeito de Coari (AM), Adail Pinheiro, suspeito de chefiar rede de exploração sexual de menores; do presidente da Câmara de Três Corações (MG), vereador Altair Gustavo, acusado de participar de orgia com adolescente, e do ex-deputado estadual catarinense Duduco, suspeito de abusar de menores adotados por ele.
Felizmente, conseguimos impedir mudança absurda no novo Código Penal que será votado e que diminuiria de 14 para 12 anos a idade considerada estupro de vulnerável. Seria uma aberração semelhante a que aconteceu, recentemente, nos Estados Unidos, onde a Associação Americana de Psiquiatria passou a considerar a pedofilia orientação sexual.
Com essa mudança escabrosa, mais crianças poderão se tornar presas sexuais. Esperamos que o Brasil, que gosta de copiar modelos americanos, não aceite essa crueldade contra nossas crianças. Precisamos de mais estrutura para combater a violência sexual infantil, pois a criança violentada nunca mais será a mesma. Liberdade, sim. Libertinagem, não!
Fonte: Jornal O Dia

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