De 1900 casos de violência sexual de 2012 a junho
deste ano, 18, 6% foram vítimas menores de cinco anos
O cerco está aumentando contra o prefeito de Coari
(AM), Adail Pinheiro, acusado de chefiar uma rede de exploração sexual de
crianças e adolescentes. Em diligência desde a última segunda-feira no estado,
a CPI da Exploração Sexual ouviu testemunhas e envolvidos no caso e descobriu
que a rede é maior do que se imaginava. Relatora da CPI, a deputada federal
Liliam Sá (PR-RJ) disse que vai apresentar requerimentos ainda nesta
quarta-feira, em Brasília, para ouvir pessoas citadas pelos depoentes, entre
elas políticos ligados ao prefeito.
A CPI quer agilidade no andamento dos processos contra
Adail. O presidente do Tribunal de Justiça do estado, desembargador Ari Jorge
Moutinho da Costa, revelou à CPI que vai apurar por que os processos contra o
prefeito ficaram parados tanto tempo. Segundo a deputada Liliam Sá, um dos
processos chegou ao Tribunal em maio deste ano e só foi distribuído nos dias 19
e 20 de setembro. O desembargador afirmou que será punido quem, porventura,
tiver tentado proteger o prefeito.
Nos depoimentos ouvidos pela CPI, de forma
reservada, foi reafirmada a exploração sexual de meninas no município de
Autazes através da pesca esportiva. “Segundo a denúncia, a exploração se dá em
barcos luxuosos para onde meninas são atraídas. E onde não haveria pesca
alguma, mas sim exploração sexual”, acrescentou a presidente da Comissão, Érika
Kokay.
Durante audiência pública em Manaus, foram feitas
várias críticas ao Governo do Estado do Amazonas com relação ao enfrentamento à
exploração sexual.
A conselheira tutelar Leidinalva do Nascimento, coordenadora do Conselho Tutelar da Zona Centro-Oeste, disse que os Conselhos não têm carro e carecem de computador.
A conselheira tutelar Leidinalva do Nascimento, coordenadora do Conselho Tutelar da Zona Centro-Oeste, disse que os Conselhos não têm carro e carecem de computador.
Segundo o delegado Henrique Brasil Couto, da
Secretaria de Segurança do Amazonas, existem várias delegacias especializadas
na criança e no adolescente no estado, porém muitas não têm delegados. “Em
alguns municípios, quem chefia a delegacia é um policial militar”, afirmou.
“Nada contra o policial militar, mas seria melhor que essas delegacias fossem
chefiadas por conselheiros que conhecem mais os direitos da criança e do
adolescente”, declarou a deputada Liliam Sá.
O próximo passo da CPI é fazer o relatório da
diligência feita no Amazonas e encaminhá-lo para o Ministério Público, Conselho
Nacional de Justiça e para a Secretaria de Direitos Humanos. Está programada,
para a próxima semana, uma reunião com a bancada do estado para traçar soluções
para o enfrentamento da violência sexual no município.
“O Amazonas está se transformando num grande
paraíso dos pedófilos. Segundo a Secretaria de Segurança do estado, foram
registrados 1900 casos de violência sexual de 2012 a junho deste ano, sendo 18,
6% das vítimas menores de cinco anos. De janeiro a agosto deste ano, foram
registrados 706 casos de estupro de vulnerável. É nojento”, desabafou a
deputada Liliam Sá. “Precisamos romper a impunidade. Até agora, todos os
agressores estão impunes. As vítimas é que são punidas, já que muitas têm sido
ameaçadas, perseguidas, tendo que sair do seu município”, finalizou a deputada
Érika Kokay.
Fonte: O Dia
Foto:
Reprodução Internet
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