quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

CPI do TRáfico de Pessoas ouve depoimentos de mães de crianças desaparecidas








Aonde estão os nossos filhos? Esse foi o clamor das mães de Thaís de Lima Barros, Larissa Gonçalves Santos, Mariana Zheng, Josemar Malveira e Luan de Oliveira.
A dor e a angústia contidas nessa pergunta ainda pairam por entre as paredes do Plenário Teotônio Villela. O depoimento  de diversas mães que tiveram seus filhos desaparecidos emocionaram, comoveram e revoltaram.
Convidadas pela CPI do Tráfico de Pessoas, essas mães convivem diariamente com uma dor que não tem fim e com dúvidas cruéis: minha filha está viva? Que fim levou meu filho? A resposta é um silêncio inquietante.
A emoção tomou conta dos partipantes e convidados da CPI, realizada nesta sexta-feira, dia 30 de novembro, na Câmara de Vereadores. Em parceria com o vereador Dr. Jorge Manaia(PDT/RJ), presidente da Comissão Permanente de Prevenção às Drogas, que abriu os trabalhos da Casa, para fazer um paralelo entre o tráfico das drogas e o tráfico de pessoas, as mães, do alto da Tribuna, puderam externar a sua aflição e pediram mais uma vez que as autoridades efetivamente façam alguma coisa.
Elas mencionaram que muitas das crianças desapareceram há anos e que os cartazes com as fotos estão defasados. Seria preciso fazer uma simulação de envelhecimento do rosto dessas meninas, mas infelizmente não tem apoio para tal, sequer possuem advogados.
Falaram ainda do despreparo de alguns policiais que fazem insinuações maldosas, quando vão dar queixa do desaparecimento e como se não bastasse, existe o retrato falado de um suspeito que está solto e que pode estar fazendo novas vítimas.
Solidários à causa, representantes do Grupo Trama, se colocaram à disposição, assim como alguns advogados presentes. Wal Ferrão, responsável pelo Movimento Mães do Brasil, desde o início tem sido porta-voz dessas mães. Luiz Henrique, do SOS Crianças Desaparecidas, grande parceiro da causa dessas mães, disse que a FIA tem 3.193 casos de desaparecimentos cadastrados, desses 2.699 foram localizados, sendo que 494 continuam desaparecidos. Desse percentual, 406 tem mais de 18 anos e 88 menos de 18.
Para a representante da Associação de Conselheiros Tutelares, Doracy Eich, muitas dessas meninas podem ser vítimas do tráfico de órgãos e de casamentos forçados. Segundo ela, é preciso investigar como essas crianças saem do Brasil.
Marisa Dreys, da Polícia Rodoviária Federal, falou do trabalho da instituição que tem realizado diversas campanhas que inclui a conscientização de caminhoneiros no combate ao tráfico de pessoas. Segundo denúncias, existem suspeitas de que muitas crianças são levadas nas boleias de caminhões.
A inspetora Maria Luiza Lopes, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Duque de Caxias, se colocou à disposição e de imediato pediu mais detalhes do provável suspeito.
Como membro da Comissão, ressaltei que dei entrada no projeto de Lei que determina às emissoras de radiodifusão sonora e de sons e imagens a obrigatoriedade de divulgação de propagandas gratuitas de combate à pedofilia, violência e ao abuso e exploração sexual, e o desaparecimento de crianças e adolescentes. O projeto tem como objetivo tornar-se um forte aliado no combate à violência, abuso e exploração sexual de meninas e meninos.
Conduzida pelo deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar o Tráfico de Pessoas no Brasil, suas causas e consequências, a CPI ao final de seus trabalhos, apresentará propostas legislativas destinadas a coibir essa prática criminosa.
Presente ainda o vice-presidente da CPI, deputado federal Luiz Couto (PT/PB), a delegada de Polícia Civil, Camardella, Terezinha Lameira, coordenadora da CEPIG-Coordenadoria Especial de Promoção da Política para a Igualdade de Gênero, Dra. Adriana Ramos de Mello, Juíza do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra Mulher, o Secretário Municipal de Sustentabilidade e Promoção da Igualdade Racial e Direitos da Mulher em Arrail do Cabo, Arildo Mendes de Oliveira, as presidentes do PSD Mulher em Niterói e Maricá, Karla Simões e Liliam Sampaio, Robério Salles, da Ong Voluntários do Bem, Hilda Gomes, Movimento Mulheres Cristãs Virtuosas e da empresária Cícera, vice-presidente da Federação das Donas de Casa, entre outros.
A CPI contou com diversas entidades governamentais e não governamentais que atuam na questão da proteção e atendimento às pessoas traficadas. Importante lembrar que as entidades que conheçam casos que considerem relevantes para serem relatados à CPI podem ser encaminhados e a audiência poderá ser pautada e a pessoa ouvida individualmente, garantido o sigilo.
Pela manhã, a CPI foi realizada na Assembleia Legislativa com a presença do padre Luís Couto, onde também foi acatada sugestões e denúncias. Depois de tantos anos do desaparecimento de tantas meninas, existe uma pista. Talvez o mistério seja finalmente desvendado quando a CPI, escutar e investigar um indivíduo apontado, pelas mães como o principal suspeito dos raptos.
Os membros da CPI, procedentes de Brasília, ficarão essa semana no Rio de Janeiro, com o objetivo de realizar diligências que poderão trazer novas informações para os casos.

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