Aonde
estão os nossos filhos? Esse foi o clamor das mães de Thaís de Lima Barros,
Larissa Gonçalves Santos, Mariana Zheng, Josemar Malveira e Luan de Oliveira.
A dor e a
angústia contidas nessa pergunta ainda pairam por entre as paredes do Plenário
Teotônio Villela. O depoimento de
diversas mães que tiveram seus filhos desaparecidos emocionaram, comoveram e
revoltaram.
Convidadas
pela CPI do Tráfico de Pessoas, essas mães convivem diariamente com uma dor que
não tem fim e com dúvidas cruéis: minha filha está viva? Que fim levou meu
filho? A resposta é um silêncio inquietante.
A emoção
tomou conta dos partipantes e convidados da CPI, realizada nesta sexta-feira,
dia 30 de novembro, na Câmara de Vereadores. Em parceria com o vereador Dr.
Jorge Manaia(PDT/RJ), presidente da Comissão Permanente de Prevenção às Drogas,
que abriu os trabalhos da Casa, para fazer um paralelo entre o tráfico das
drogas e o tráfico de pessoas, as mães, do alto da Tribuna, puderam externar a
sua aflição e pediram mais uma vez que as autoridades efetivamente façam alguma
coisa.
Elas
mencionaram que muitas das crianças desapareceram há anos e que os cartazes com
as fotos estão defasados. Seria preciso fazer uma simulação de envelhecimento
do rosto dessas meninas, mas infelizmente não tem apoio para tal, sequer
possuem advogados.
Falaram
ainda do despreparo de alguns policiais que fazem insinuações maldosas, quando
vão dar queixa do desaparecimento e como se não bastasse, existe o retrato
falado de um suspeito que está solto e que pode estar fazendo novas vítimas.
Solidários
à causa, representantes do Grupo Trama, se colocaram à disposição, assim como
alguns advogados presentes. Wal Ferrão, responsável pelo Movimento Mães do
Brasil, desde o início tem sido porta-voz dessas mães. Luiz Henrique, do SOS
Crianças Desaparecidas, grande parceiro da causa dessas mães, disse que a FIA
tem 3.193 casos de desaparecimentos cadastrados, desses 2.699 foram
localizados, sendo que 494 continuam desaparecidos. Desse percentual, 406 tem
mais de 18 anos e 88 menos de 18.
Para a
representante da Associação de Conselheiros Tutelares, Doracy Eich, muitas
dessas meninas podem ser vítimas do tráfico de órgãos e de casamentos forçados.
Segundo ela, é preciso investigar como essas crianças saem do Brasil.
Marisa
Dreys, da Polícia Rodoviária Federal, falou do trabalho da instituição que tem
realizado diversas campanhas que inclui a conscientização de caminhoneiros no
combate ao tráfico de pessoas. Segundo denúncias, existem suspeitas de que
muitas crianças são levadas nas boleias de caminhões.
A
inspetora Maria Luiza Lopes, da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher
de Duque de Caxias, se colocou à disposição e de imediato pediu mais detalhes
do provável suspeito.
Como
membro da Comissão, ressaltei que dei entrada no projeto de Lei que determina
às emissoras de radiodifusão sonora e de sons e imagens a obrigatoriedade de
divulgação de propagandas gratuitas de combate à pedofilia, violência e ao
abuso e exploração sexual, e o desaparecimento de crianças e adolescentes. O
projeto tem como objetivo tornar-se um forte aliado no combate à violência, abuso
e exploração sexual de meninas e meninos.
Conduzida
pelo deputado federal Arnaldo Jordy (PPS/PA), presidente da Comissão
Parlamentar de Inquérito destinada a investigar o Tráfico de Pessoas no Brasil,
suas causas e consequências, a CPI ao final de seus trabalhos, apresentará
propostas legislativas destinadas a coibir essa prática criminosa.
Presente
ainda o vice-presidente da CPI, deputado federal Luiz Couto (PT/PB), a delegada
de Polícia Civil, Camardella, Terezinha Lameira, coordenadora da
CEPIG-Coordenadoria Especial de Promoção da Política para a Igualdade de
Gênero, Dra. Adriana Ramos de Mello, Juíza do 1º Juizado de Violência Doméstica
e Familiar contra Mulher, o Secretário Municipal de Sustentabilidade e Promoção
da Igualdade Racial e Direitos da Mulher em Arrail do Cabo, Arildo Mendes de
Oliveira, as presidentes do PSD Mulher em Niterói e Maricá, Karla Simões e
Liliam Sampaio, Robério Salles, da Ong Voluntários do Bem, Hilda Gomes,
Movimento Mulheres Cristãs Virtuosas e da empresária Cícera, vice-presidente da
Federação das Donas de Casa, entre outros.
A CPI
contou com diversas entidades governamentais e não governamentais que atuam na
questão da proteção e atendimento às pessoas traficadas. Importante lembrar que
as entidades que conheçam casos que considerem relevantes para serem relatados
à CPI podem ser encaminhados e a audiência poderá ser pautada e a pessoa ouvida
individualmente, garantido o sigilo.
Pela
manhã, a CPI foi realizada na Assembleia Legislativa com a presença do padre
Luís Couto, onde também foi acatada sugestões e denúncias. Depois de tantos
anos do desaparecimento de tantas meninas, existe uma pista. Talvez o mistério
seja finalmente desvendado quando a CPI, escutar e investigar um indivíduo
apontado, pelas mães como o principal suspeito dos raptos.
Os
membros da CPI, procedentes de Brasília, ficarão essa semana no Rio de Janeiro,
com o objetivo de realizar diligências que poderão trazer novas informações
para os casos.
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