As
investigações de casos envolvendo sumiço, sequestro ou violência sexual
contra crianças e adolescentes no País são prejudicadas pela falta de
delegacias policiais especializadas. No Estado do Rio de Janeiro só
existe uma Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), situação
que piora em outras regiões do País, porque em alguns Estados não há
esse tipo delegacia. A denúncia é da deputada federal Liliam Sá
(Pros-RJ), relatora da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara
Federal que investiga denúncias de exploração sexual de crianças e
adolescentes.
Liliam ouviu nesta segunda-feira mães de meninas
desaparecidas durante audiência pública na Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e também esteve no Tribunal de Justiça
(TJ), buscando informações sobre o julgamento de um homem acusado pelo
desaparecimento de uma menina de 11 anos em 2008 no município de São
Gonçalo.
"Essas mães ficam perambulando (de um lugar para outro).
Não se tem um atendimento que elas mereceriam, pois são casos de
crianças e adolescentes. Só temos uma Dcav para atender a todo o Estado e
a demanda é muito grande. Essa mãe que tem uma filha abusada
sexualmente ou que desaparece em outro município, vai ter que vir ao Rio
de Janeiro para ser atendida em uma delegacia especializada. Nós
precisamos ter outras unidades espalhadas pelo Estado", disse a
deputada.
"Falta estrutura de atendimento. A CPI está
diagnosticando todas as falhas que existem no atendimento, tanto nos
governos estadual quanto no municipal, em relação à aplicação dos
recursos que existem para crianças e adolescentes." A parlamentar esteve
em outros Estados e detectou que há falhas na estrutura de atendimento
ao enfrentamento da exploração sexual. "Criança tem que ser prioridade
no País, mas não é."
A CPI pretende acionar a Polícia Federal para auxiliar
nas investigações de casos de desaparecimento de cerca de 20 meninas
entre 7 e 13 anos no Estado do Rio em circunstâncias semelhantes. O
pedido deve ser feito nesta terça-feira ao diretor-geral, Leandro
Daiello Coimbra, por Liliam Sá e pela presidente da comissão, deputada
Erika Kokay (PT-DF). A suspeita da Promotoria Criminal do Ministério
Público do Estado é que os casos estejam relacionados e tenham um
suspeito em comum, que já chegou a ser preso por envolvimento no
desaparecimento de uma das meninas, mas foi posteriormente colocado em
liberdade.
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