segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Comissão da Câmara dos Deputados debate medidas socioeducativas para infratores na faixa etária de 12 a 18 anos



O endurecimento das punições aplicadas a adolescentes infratores não é solução para reduzir a prática de crimes por pessoas de 12 a 18 anos. A opinião foi consenso, nesta segunda-feira (4), entre os participantes da primeira rodada de discussões de um seminário promovido pela comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa medidas socioeducativas a serem aplicadas a adolescentes infratores.

O principal projeto analisado pela comissão (PL 7197/02) trata da aplicação das medidas socioeducativas previstas no ECA,  o Estatuto da Criança e do Adolescente. Outra proposta (PL 5454/13), também em análise, aumenta de três para oito anos o tempo de internação dos adolescentes que cometerem infrações caracterizadas como crimes hediondos, podendo ficar internados até os 26 anos de idade.

A proposta tem sido criticada por parlamentares e entidades de defesa das crianças e dos adolescentes. A avaliação dos debatedores é que a recuperação de adolescentes infratores passa pela ressocialização, com investimentos em projetos de educação, profissionalização e saúde, como ressaltou a presidente do Conanda, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, Maria Izabel da Silva.
"Educação, atendimento à saúde, profissionalização, para que tenha uma articulação da Secretaria de Direitos Humanos junto com o MEC, para os cursos do Pronatec, para os adolescentes internos nas unidades de internação."

A avaliação dos participantes do seminário é que os três anos de internação de adolescentes infratores já vigentes hoje é muito tempo na vida de um adolescente, que está em período de formação de sua personalidade. Esse período só poderia ser aumentado em alguns casos, como explicou Pedro Paulo Guerra de Medeiros, conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

"Você aumentar um prazo de internação, que hoje é limitado a três anos, para um prazo superior, há que haver a necessidade de demonstração da extrema necessidade, de que aquele adolescente ele não pode ser reintegrado à sociedade ainda. Há que se demonstrar, inclusive, que as outras medidas ressocializadoras não são suficientes e que somente a ressocialização seria."

Ao traçar um perfil do adolescente internado no Brasil, Maria Izabel da Silva lembrou que a maioria é negra, não tem emprego e é usuária de drogas, o que justifica, segundo ela, a necessidade de ressocializar esses jovens.
Apesar da recomendação de reduzir o número de internações, dados do governo mostram que ele tem aumentado, tendo passado 19 mil e 800 em 2011 para 27 mil em 2012.
Fonte: Rádio Câmara

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